
Diário das Coisas Impossíveis
É também nos indícios deixados pela autora que o leitor redesenha a narrativa: o menino acorda e encontra apenas a mãe que cuida da casa e dele antes de sair para mais um dia de trabalho, que saberemos mais adiante, será longo.
Entre reflexos e sombras, o menino encontra detalhes que confirmam seu desejo – a mãe que se perfuma, uma calça masculina no varal, um olhar, um cartaz, alguém que escreve no chão, uma gaiola, um bilhete – atenção, está ali a chave do que guarda a história –, e, tal qual o pássaro azul, sai de seu peito à procura de um ou outro cisco de esperança.
Ao longo da sequência que se desvela permeada de silêncios, a ausência do pai se torna mais clara, assim como a certeza de que, naquele dia, ele voltará. E, embora seu desejo se desmanche em sonho, no dia seguinte, desperta novamente, junto com o menino, que sabe, ainda que não entenda porquê, que cada dia guarda uma porção do que parece impossível.
E assim, Paula Schiavon convida o leitor a observar e conectar os indícios que deixa ao longo da leitura, tal qual o menino. A desvendar a narrativa construída entre palavras extremamente enxutas, imagens que revelam sua construção em pinceladas de acrílica e silêncios, seja na forte presença do branco ou nas deslumbrantes ilustrações que suspendem qualquer som.
Autora, Ilustradora: Paula Schiavon
Editora: Livros da Matriz; 1ª edição (13 dezembro 2022)
Idioma: Português
Capa comum: 72 páginas
ISBN-13: 978-6586167061
Idade de leitura: 8 - 11 anos
Dimensões: 20 x 1 x 28 cm