O Poeta e o Robot

Psicólogo de orientação analítica, autor e consultor intensamente envolvido na construção da cultura transdisciplinar contemporânea, Beni Bologna apresenta-se neste novo livro como o poeta cuja obra, construída a cada dia, se amplia em diálogo com seu tempo – a ponto de provocar um inaudito encontro entre a poesia e a mais célebre das ferramentas de inteligência artificial – o ChatGPT.

Praticamente um ano após se tornar um fenômeno de proporções mundiais, o ChatGPT reaparece em uma obra poética disruptiva, que investiga o impacto da inteligência artificial generativa na cultura humana e prospecta o futuro.

Propondo a si mesmo poeta, como “um ser de palavras” e provocando seu parceiro cibernético, o ChatGPT, como “um outro mesmo ser”, também feito de palavras, o autor nos convida a avaliar a dimensão de aonde chegamos para imaginar o que virá. Talvez um futuro cyber-humano nos aprimore como humanos. Talvez piore as máquinas ao torná-las “igual e demasiadamente humanas”.

Além da lógica, já na esfera da poética, portanto agasalhando ambiguidades, Bologna integra sensibilidade literária e responsabilidade pública, ao nos lembrar que “palavras são seres... que nos tornam sociais”. O desrespeito por elas, evidente na sofística a serviço da retórica política, segue muito perigoso.

Segundo a proposta do poeta, talvez o Bot, que ninguém é senão a nossa própria humanidade espelhada nas palavras, nos ajude a melhor ver a relação entre a ética, a poética, a estética, o silício, as palavras e o contrato, instruindo uma política capaz de justapor, ao invés de contrapor, razão, afeto, tecnologia e honestidade, como as melhores esperanças de uma transumanidade.

O que será da IA? Da sua linguagem “natural” e do humanismo diante delas? Além da porta... aqui já está... dentro de casa.